Ana Maria Medeiros da Fonseca, nascida em Fortaleza, no Ceará, fez carreira acadêmica na área de história social na Unicamp e na USP, dedicou grande parte de sua vida profissional às pesquisas voltadas ao estudo do trabalho e renda. Pessoa inteligente, de boa formação acadêmica e de capacidade executiva pouco comum, uniu a reflexão teórica à execução das políticas públicas. É nesse sentido uma figura de grande valor para o campo de públicas.
A dedicação ao estudo dos programas de distribuição de renda levou Ana Fonseca, no início da década de 1990, na qualidade de pesquisadora do Núcleo de Estudos de Política Pública (NEPP) da Unicamp, a ser convidada para acompanhar e assessorar o programa ‘Renda Mínima’ implantado na cidade de Campinas (SP), durante a gestão do então prefeito José Roberto Magalhães Teixeira. “Precisamos deixar claro que foi no governo do Magalhães Teixeira que nasceu o primeiro programa de distribuição de renda mínima no país”, disse Ana Fonseca num vídeo documentário sobre sua carreira profissional gravado pelo NEPP. Nesse depoimento Ana Fonseca destacou ainda a importância que o programa criado em Campinas teve para a implantação do Bolsa Família no Brasil mais de uma década depois.
Foi a partir dessa experiência, na prefeitura de São Paulo, que Ana Fonseca foi convidada para coordenar o Programa Bolsa Família durante a gestão do primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva de outubro 2003 a janeiro de 2004. Ela exerceu ainda o cargo de Secretária Executiva do Ministério do Desenvolvimento Social de fevereiro a novembro 2004. Ana Fonseca foi também analista de Políticas Sociais da Oficina do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para a América Latina e o Caribe durante os anos de 2005 a 2006 e analista de Políticas Sociais da Oficina Regional do Programa das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em 2007. Manteve ademais intensa agenda de trabalho e de assessoria junto a vários países que adotaram
programas de renda mínima tanto na América Latina e na África. Seu grande prazer era falar da importância que os programas de renda mínima têm para tornar os países mais igualitários.
Ana Fonseca faleceu em 25 de março de 2018 em Campinas aos 67 anos de idade. Deixa o legado de uma vida dedicada ao estudo da transferência de renda e combate à pobreza. Colegas de trabalho, amigos e familiares são unanimes em lembrar sua sensibilidade social e alegria permanente em tudo que fazia, da atividade acadêmica ao desenho e execução das políticas sociais.
Carlos R. Etulain
NEPP/Unicamp, março de 2018