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Cronologia: alguns passos de Ana Fonseca que a tornaram a mulher que conhecemos

  • 1950
       

    1950 - 

    Ana Fonseca foi a mais velha de sete filhos e filhas de um casal católico. O pai, dono de uma oficina de sapatos femininos. A mãe, professora e dona de casa.

  • 5
      de fevereiro

    5 de fevereiro de 1950 - 

    Nasceu no dia 5 de fevereiro de 1950, em Fortaleza, Estado do Ceará, na Casa de Saúde São Raimundo. O parto de Ana foi o único realizado em uma maternidade. A gradual perda dos recursos econômicos obrigou sua família a eleger moradias cada vez mais distantes do centro de Fortaleza, e durante um tempo Ana chegou a viver em uma casa sem água corrente e energia elétrica.

  • 1956
       

    1956 - 

    Aos seis anos, ingressou numa escola que não tinha nome e funcionava no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, onde foi alfabetizada pela prima, Maria de Jesus.

    A Igreja era o local que ela mais frequentava, durante a infância. Além de ir às missas dominicais, com seus pais, assistia a pequenas peças teatrais e pegava livros emprestados em um ambiente socioeducativo que funcionava atrás da igreja.

  • 1957
       

    1957 - 

    Ingressou no Grupo Escolar Antônio Sales. Sua professora foi Maria de Jesus, a prima que a alfabetizou e também dava aula nesta escola.

  • 1959
       

    1959 - 

    Foi aprovada no exame de seleção e ingressou no 3º ano primário do Instituto de Educação do Ceará, uma grande escola estadual com biblioteca e laboratórios.

  • 1960
       

    1960 - 

    Aprovada em novo exame de admissão, ingressou na Escola Justiniano de Serpa, considerada excelente, à época. A escola lhe deu acesso a uma convivência próxima com pessoas de diferentes classes sociais e a uma reflexão política que alterou os rumos de sua vida.

    Nesse convívio teve acesso a gêneros musicais e a literaturas que desconhecia e, principalmente, a um pensamento político crítico, no movimento secundarista.

    Já adulta, destacava a relevância para a sua vida por ter estudado em boas escolas públicas.

  • 1966
       

    1966 - 

    Passou a frequentar encontros e grupos de estudos com os padres progressistas, além de militar no grêmio da Escola Justiniano de Serpa, e depois no Centro de Estudantes Secundaristas do Ceará.

  • 1967
       

    1967 - 

    Passou a conviver com universitários e participar de passeatas e de greve de ônibus.

  • 1968
       

    1968 - 

    Teve participação ativa na “Revolta das Saias”, movimento desencadeado pela expulsão de uma aluna da Escola Justiniano de Serpa. A rebelião tomou as ruas de Fortaleza e resultou na queda da diretora da escola. No mesmo ano, ingressou na Ação Popular (AP), organização política de esquerda, e mudou-se para Recife, onde pretendia atuar em fábricas ou  zona rural.

  • 1969
       

    1969 - 

    Foi presa em 5 de outubro de 1969, em Recife. Levada para Fortaleza (CE), sofreu torturas durante 45 dias no DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social) que funcionava no prédio da Polícia Civil na Rua Aurora, 405 (foto), até ser transferida para a Colônia Penal Bom Pastor, presídio feminino de Recife. Ela tinha, então, 19 anos.

  • 1970
       

    1970 - 

    Com o apoio de Dom Helder Câmara a família consegue saber que Ana foi enviada para o Bom Pastor, presídio feminino em Recife (PE), juntamente com outras jovens. Dona Maria Cecília (primeira à esquerda, na foto) vai a Recife visitar a filha no presídio. Ana e as demais jovens sofreram uma condenação a 5 anos de prisão, depois reduzida para 2 anos, após recurso ao Supremo Tribunal Federal.

  • 1971
       

    1971 - 

    Ao sair da prisão, em 71, voltou a morar com os pais, e encontrou trabalho numa tradicional loja de variedades de Fortaleza – Casa Parente.

  • 1974
       

    1974 - 

    Mudou de emprego e foi trabalhar como secretária em um curso preparatório para o Colégio Militar.

    Mas já planejava migrar para São Paulo e estudar na UNICAMP.

  • 1977
       

    1977 - 

    A partir de 1977, teve participação ativa no movimento estudantil universitário, fez parte da Chapa Atuação, no CACH da Unicamp, e esteve presente em todo o processo de reconstrução da União Nacional dos Estudantes (UNE). Inclusive no Congresso de reabertura da entidade, em Salvador (1979).

  • 1977
       

    1977 - 

    Ingressou no Coletivo Feminista de Campinas, no qual permaneceu de 1977 até 1984, participando ativamente do movimento de mulheres, no Brasil.

    As reflexões que desenvolveu neste período foram importantes para sua recusa do “planejamento familiar” como condicionalidade para as beneficiárias do Bolsa Família, muito mais tarde.

  • 1980
       

    1980 - 

    Concluiu o Bacharelado em história na Unicamp. Durante os 4 anos de seu curso de graduação participou em várias pesquisas coordenadas por professores que apreciou imensamente. Esses estudos, que foram marcantes em sua formação, estavam voltados para problemáticas sobre às quais ela voltaria outras vezes em sua trajetória: trabalho livre no Brasil; mulher e trabalho e questões agrárias; classe operária e questões vinculadas à raça.

  • 1982
       

    1982 - 

    Inicia o mestrado em história social na Unicamp e, paralelamente, a partir de 1984, participa em pesquisas vinculadas ao CEBRAP e ao NEPP sobre: trabalhadores e novas demandas sociais e econômicas;  legislação social brasileira; e avaliação das políticas de previdência social, saúde, nutrição habitação e saneamento.

  • 1986
       

    1986 - 

    Em 1986, encontra o amor de sua vida, Adriana Piscitelli – pesquisadora da Unicamp – com quem conviveu por mais de 30 anos, até seu falecimento.

  • 1987
       

    1987 - 

    É contratada pelo Núcleo de Pesquisas sobre Políticas Públicas (NEPP), da UNICAMP, onde já desenvolvia pesquisas há 4 anos. Manteve este vínculo, desde 1987 até seu falecimento, em 2018.

  • 1992
       

    1992 - 

    Ana concluiu o mestrado em História Social e do Trabalho, na UNICAMP, com a dissertação  “Das Raças à Família: o debate sobre a construção da nação”

  • 2000
       

    2000 - 

    Ana concluiu o doutorado em História Social na área de família e relações de gênero, com a tese “Família e Política de Renda Mínima” – na USP.

  • 2001
       

    2001 - 

    Ana foi nomeada Coordenadora do Programa Renda Mínima, do município de São Paulo. Sua gestão iniciou o processo de unificação das diversas políticas de transferências monetárias condicionadas em curso.

  • 2001
       

    2001 - 

    Publicação do livro ‘Família e Política de Renda Mínima’, tese de doutorado de Ana Fonseca.

  • 2002
       

    2002 - 

    Ana é convidada para participar do governo de transição, em dezembro de 2002, e avaliar as políticas sociais em curso. Nesse período, elaborou o relatório no qual propõs a unificação dos programas de transferência de renda – que ocorreria, mais adiante, dando origem ao Bolsa Família.

  • 2003
       

    2003 - 

    Nomeada consultora da Caixa Econômica Federal, operadora do Cadastro Único, Ana atuou para torná-lo uma ferramenta estratégica para diversas políticas públicas sociais, em todos os níveis de governo. Inclusive para o Bolsa Família, do qual ela viria a ser a coordenadora.

  • 2003
       

    2003 - 

    O presidente Lula nomeia Ana Fonseca como Coordenadora do Bolsa Família, na Secretaria Executiva do Programa, vinculada à  Presidência da República.

  • 2004
       

    2004 - 

    É criado o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Ana se torna a Secretária-Executiva da pasta.

  • 2004
       

    2004 - 

    Participação na Reunião dos Ministros do Trabalho e Assuntos Sociais da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) – Praia, Cabo Verde

  • 2005
       

    2005  - 

    A partir de 2005, atuou como Analista de Políticas Sociais do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), por meio da Oficina Regional para a América Latina e o Caribe.  Realizou 17 missões no Chile (2), Paraguai (4), Uruguai (3), República Dominicana (4), Peru (1), Costa Rica (1), Panamá (1) e El Salvador (1).

     

  • 2005
       

    2005 - 

    Ana visita o programa Tekoporã, em Buena Vista – Paraguai. Esta experiência de tranferência de renda condicionada a fez retornar, por diversas vezes, ao país vizinho.

  • 2006
       

    2006 - 

    Reunião com representantes do Instituto Nacional de Estadística e Informática  y Registro Nacional de Identificação e Estado Civil – Peru

  • 2006
       

    2006 - 

    Foro de Intercâmbio de Experiências Latinoamericanas de Programas de Transferência de Renda Condicionada – El Salvador

  • 2007
       

    2007  - 

    A partir de 2007,  atuou como Consultora de Políticas Sociais da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), por meio da Oficina Regional da FAO para a América Latina e o Caribe.

  • 2007
       

    2007 - 

    II Seminario Internacional de Transferencias Condicionadas, Erradicacion del Hambre y la Desnutricion – República Dominicana

  • 2007
       

    2007 - 

    II Seminario Internacional Transferencias Condicionadas, Erradicación del Hambre Y Desnutrición Crónica Infantil, Colombia.

  • 2011
       

    2011 - 

    É nomeada Secretária Extraordinária para a Superação da Extrema Pobreza, no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

  • 2013
       

    2013 - 

    Professora convidada no Instituto Global de Altos Estudios en Ciencias Sociales (IFGLOB) – República Dominicana

  • 2013
       

    2013 - 

    Diálogo de Política Social – Experiencias de coordinación para la implementación de política pública – Agosto 2013 – Panamá

  • 2013
       

    2013 - 

    Simpósio para  Avaliação do Plano Nacional de Segurança Alimentar de Cabo Verde e para a elaboração do Plano de Ação de Segurança Alimentar e Nutricional para o período 2014 – 2016.

  • 2015
       

    2015 - 

    Seminário Santo Antão, em Cabo Verde. Evento de formação de representantes da sociedade civil no processo de governança da segurança alimentar e nutricional do país.

     

     

  • 2017
       

    2017 - 

    Seminário São Vicente, em Cabo Verde. Participação de representantes do governo, sociedade civil e parlamento. Elaboração dos fundamentos da legislação nacional para inclusão da segurança alimentar como direito humano.

  • 2018
       

    2018 - 

    Ana Fonseca faleceu no dia 25 de março de 2018, em Campinas.

  • Homenagem
       

    Homenagem - 

    “Em África, se diz que quando a comunidade perde uma pessoa sábia, uma biblioteca ardeu. E no meu continente, uma biblioteca não é apenas (nem sequer principalmente) um depósito organizado de livros onde nós vamos recolher sabedoria. Em África, onde a visão do mundo integrada e global da comunidade ainda luta contra o individualismo pulverizado de uma certa modernidade enferma, onde ainda prevalecem na cultura dos povos vestígios bem marcados da oralidade ancestral, uma biblioteca é um “locus” de inspiração e sabedoria, onde passado e presente se fundem para nos ajudar a entrar no futuro, onde se busca conforto e direção nos momentos em que a harmonia da vida e da comunidade se desequilibram. Ana era tudo isso, para nós e para muito, muito mais gente.”

     

    José Luis Cabaco – professor da Universidade Técnica de Moçambique, ex-combatente na luta de libertação nacional, membro dos primeiros governos de Moçambique e amigo de Ana Fonseca.

     

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